Para quem não conhece Mel, a escolha pode surpreender. Mas
ela garante ser apaixonada pelas palavras e acredita que este destino sempre
esteve reservado para esta fase pós Rebelde.
“Neste momento, estou me encontrando ou tentando me
encontrar, que é o que a gente faz a vida toda. Tenho brincado com as palavras,
escrito bastante, e me encontrado muito nesse caminho. Eu costumo dizer que eu
era aprendiz de cantora, de atriz e, como escritora, sou uma aluna mesmo”,
revela Mel, que estudou jornalismo em Pelotas (RS), mas não concluiu.
Tamanha vontade de colocar no papel o que preenche seus
pensamentos rendeu o livro de crônicasInclassificável, que será lançado em
junho pela Rubra editora.
“Tem uma linguagem poética, reflexões. Meus textos são
difíceis de classificar, por isso o título da obra. Aprendi que os escritos e
as coisas interiores não precisam de classificação. São textos sobre a minha
experiência, do que eu vivi, e nesses anos com os rebeldes. Fala sobre a turnê,
esse é o universo, eu escrevi estando lá, é genuíno porque eu vivi. Mas não
fala da viagem especificamente, não tem o objetivo de ser narrativo. Tem a ver
com meus olhares sobre tudo o que eu vivenciei, de estar no meio do grupo”,
adianta a estrela com exclusividade à Contigo! Online.
Um livro no meio do caminho
“Meus textos para o Inclassificável nasceram dos momentos
que a gente (Os Rebeldes: Mel, Micael Borges, Sophia Abrahão, Chay Suede,
Arthur Aguiar e Lua Blanco) atravessava estradas e mais estradas escuras
durante a madrugada e o sono nem sempre vinha, quando o ônibus estava
adormecido e silencioso. Era também uma forma de gritar em silêncio. Quando eu
escrevo é tão meu, sem filtro nenhum, sou só eu. Foi muita coragem ter decidido
lançar esta obra. E na editora eu tenho muita liberdade para decidir. Está tudo
sob meu domínio. É como se fosse um filho, e espero que as pessoas gostem.”
Jovens escritores
“Tenho mais de um milhão de crianças e adolescentes me
seguindo no Twitter que são ávidos por informações. As pessoas tentam chegar
nesse lugar da poesia até mesmo para me alcançar, por isso também lancei o
concurso semanal de poesia no perfil Caçadora de Palavras (@cdepalavras) e o
resultado é surpreendente. Isso também foi um grande incentivo para eu escrever
mais. Além do que, Caçadora de Palavras é uma grande metáfora para o meu
momento e aproveito para estimulando meus fãs.”
Interação com os fãs no Twitter
“Eles são incríveis. Nos últimos tempos tenho interagido
menos porque estou escrevendo mais mesmo. Mas é muito legal esse carinho que
eles têm e tento retribuir do meu jeito. Entro muito no Twitter para falar de
palavra, de poesia. Acho que por eles serem crianças, adolescentes me sinto
responsável por passar esse tipo de informação.
Que venham as críticas
“Eu acho que vai ser importante observar as críticas quando
o livro for lançado. Sempre parto do princípio de que a pessoa que critica seu
trabalho para o que está fazendo pra olhar o seu. Então, que venham as
críticas. Elas vão servir para eu escrever o próximo. Eu não estou nem perto de
parar. E o que me move mais é ver as pessoas começando a gostar de poesia.”
Influência veio de berço
“Minha mãe, Berenice Nunes, é psicóloga, meu pai, André
Fronckowiak, é empresário e sempre fomos uma família muito efervescente na
leitura. Minha mãe é muito leitora, meu pai escreve. Morei com tios que são
professores universitários, minha avó era professora e cresci cercada de
literatura. Fui assistirMeu Pé de Laranja Lima no cinema e me emocionei muito,
pois lembrei de quando li o livro. A leitura é um ato solitário. Você entende
que pode criar o seu mundo através da leitura. É muito mágico.”
Rebelde X literatura
“Não tenho preocupação em desvincular minha imagem de
Rebelde, sim somar. Fui rebelde e vou ser para sempre. A gente só é o que é por
causa do passado da gente. Adorei a experiência como atriz e ainda sou uma. Mas
se as palavras derem certo e as portas estiverem abertas para mim, quero seguir
nesse caminho. A gente percorre vários caminhos até achar o nosso.”
De Pelotas para o mundo
“Trabalhar como modelo foi uma oportunidade que apareceu na
minha vida. Eu tinha vontade de desbravar outros horizontes e aí veio a chance
de sair de Pelotas (RS) e ir para São Paulo depois de um concurso e eu fui. Eu
dizia que estava modelo, não era. Não me enquadrava naquele lugar, mas achei
muita gente interessante lá. É importante dizer isso porque há muito preconceito.”
Cinco amigos para toda a vida
“Levo a Sophia, o Chay, o Micael, o Arthur e a Lua comigo.
No dia em que soubemos que seria o nosso último show, lá em Belo Horizonte, nós
desabamos. A gente se fala muito. Fico feliz que estão seguindo seus caminhos.
O que mais sinto falta é de me divertir com eles. Foi só por isso que a gente
conseguiu passar por toda essa maratona.”
Dedicatórias especiais
“Na contra-capa do livro, tem aspas dos cinco. Pedi que
todos escrevessem o que acham sobre essa minha invenção de escrever (risos).
Cada um escreveu uma frase sobre o livro, ficou muito bonito. A gente vivia
trocando escritas ao longo da turnê inteira. No próprio livro, escrevo muita
coisa para alguns deles. O livro está pronto e sendo diagramado. Eu sonho com o
momento de poder pegá-lo nas mãos.”
Medo de cair no esquecimento
“Lógico que tenho. A gente se acostumou com o
reconhecimento, com o carinho do público, claro que dá medo de não ser mais
famosa. Mas a vida segue. O carinho que a gente teve em Rebelde nunca mais
teremos de novo.”
Tá namorando, Mel?
“(Risos) Estou feliz, estou ótima. É só o que eu tenho para
falar. (Em tempo: Na quinta-feira (16), um jornal publicou uma nota dizendo que
Mel está namorando Rodrigo Santoro. Nem Mel nem a mãe dela falaram sobre o
assunto. Leia aqui).”
Com a palavra, Berenice Nunes, mãe de Mel Fronckowiak
“Eu vejo muito o livro como um resgate das coisas que ela
deixou no meio do caminho, quando teve de sair da faculdade de jornalismo em
Pelotas e ir para São Paulo, e deixou de escrever para o jornal local. Ela, de
alguma forma, interrompeu o ciclo. O livro é muito legal, está muito pegado de
sentimentos. São fragmentos de momentos que a banda viveu. Para as outras
pessoas, tudo o que aconteceu teve uma leitura comum. Mas para ela não. Ela é
muito sentimento. Em tudo o que faz, ela se entrega de corpo e alma. É legal
ver que ela está conquistando as coisas dela, o caminho dela. A avó dela é
professora e sempre teve um sonho de escrever um livro. Quando mostrei o da
Mel, ela chorou e disse: ‘Ela está realizando um sonho que eu sempre tive’”.